terça-feira, 1 de julho de 2014

Reflexão sobre o Texto “O Modelo dos Modelos”, de Italo Calvino


Nos dias atuais, percebe-se que muitas instituições educacionais inserem a criança que apresenta alguma limitação sem ter a preocupação de compreendê-la de um modo global, levando em conta não apenas a deficiência, como também o contexto que a criança traz de casa: sua forma de aprendizagem, o contexto familiar, a causa da sua não-alfabetização, seus anseios, seus conhecimentos empíricos, dentre outras variáveis importantes para seu pleno desenvolvimento no processo de ensino e aprendizagem.
Quando esta situação ocorre, entendemos que não está acontecendo de fato a inclusão necessária desta criança pois, para que haja realmente a inclusão, devemos compreender e valorizar o todo, sem rotular e enxergar somente a deficiência, pois nada ajudarão em seu desenvolvimento intelectual e na aceitação dentro do ambiente escolar.
Diante desta reflexão, cabem algumas perguntas: como fazer a legislação que trata da Educação Especial ser cumprida em sua plenitude, se muitas instituições ainda acreditam num único modelo de aluno, sem deficiência, com um pleno aprendizado, e de certa forma desprezam as deficiências, sem se informarem de forma correta sobre elas? Quando a escola trabalha desta forma, está agindo exatamente como Palomar, o personagem do texto de Calvino.
No começo da narrativa, Palomar cria um modelo em sua mente, para gerir sua vida, nas diversas situações. Ele percebeu que tal modelo, como idealizado, não contemplava todos os casos vivenciados, porque quando aplicado, surgiam novas situações que não condiziam com o modelo preestabelecido. A partir de então, percebeu que deveria mudar sua metodologia de trabalho, partindo de uma pesquisa e do levantamento idiossincrático de informações para a prática. Consequentemente, foram surgindo novos modelos, cuja metodologia foi modificada para atender novas situações que não haviam sido previstas na primeira análise. Com novas pesquisas, passou também a combinar modelos entre si, sempre buscando aplicar aquele que fosse melhor adaptável à realidade pesquisada, obtendo assim melhores resultados.
Neste sentido, as principais ideias que podemos relacionar ao AEE são os modelos preestabelecidos, em contraponto à pesquisa.
A primeira ideia de Palomar é considerada equivocada, pois não existem estudos de caso rigorosamente iguais e, tampouco, um mesmo plano de AEE pode ser aplicado da mesma forma a duas crianças que possuem a mesma patologia clínica. Cada uma possui aspectos peculiares, inerentes a si, e que a diferenciam de outros casos à primeira vista considerados semelhantes.
Em segundo lugar, para se elaborar um estudo de caso, devemos levar em consideração a pesquisa e os parâmetros idiossincráticos, valorizando as habilidades dos indivíduos envolvidos, para só depois montarmos um modelo de planejamento que contemplará os anseios do educando.
Palomar percebeu que, para alcançar o objetivo desejado, deveria realizar pesquisas e levantamento de dados e hipóteses para, a partir daí, elaborar um plano de trabalho. Esta ideia é cabível ao AEE, pois o professor especialista deve ter em mente que, para elaborar um estudo de caso, precisa lançar mão do referencial teórico disponível, a fim de formular um plano fidedigno e exequível, sem esquecer de levar em consideração o contexto onde o aluno está inserido.